No dia em que a Associação Social e Cultural de Sobrado (ASCS) começa a dinamizar a Casa das Artes (antiga Casa do Povo) em Sobrado, com um Tributo a Queen (já com lotação esgotada) no ano em que comemora 35 anos, a Associação Social e Cultural de Sobrado (ASCS) recebeu uma prenda pela qual ansiava há muito: um espaço onde dinamizar e promover a cultura na freguesia de Sobrado. Fruto de um protocolo assinado com a Junta de Freguesia de Campo e Sobrado, a ASCS está, desde o início de 2024, responsável pela dinamização da Casa das Artes de Sobrado, a outrora Casa do Povo.
“Foi algo pelo qual batalhamos muito e, finalmente, conseguimos convencer o executivo da Junta de Freguesia das vantagens desta solução”, referiu Paulo Figueiredo, presidente da Direção da ASCS desde 2000. “Com a transformação do Centro Cultural em Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada, a freguesia ficou apenas com a Casa das Artes como espaço de realização de espetáculos culturais. E a sua ocupação ficou sempre muito aquém da sua valia. É um espaço central, com estacionamento e esteticamente muito bonito. Faltavam-lhe condições técnicas para receber eventos diversificados. E é esse trabalho que temos vindo a fazer ao longo dos últimos três meses. Temos feito um avultado investimento na melhoria de todos os aspetos que permitam melhorar a experiência de quem vem assistir e de quem vem mostrar a sua arte”.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Fundada em 1989 por um grupo de jovens sobradenses, a ASCS teve um início de atividade auspicioso, contudo, poucos anos mais tarde deixou de ter atividade. Em 2000, Carlos Mota, um dos fundadores e atual Presidente da Assembleia Geral, convenceu Paulo Figueiredo e Paula Moreira a reativar a associação. Já lá vão 24 anos e esta dupla mantém-se na liderança da ASCS. “Começamos praticamente sem nada. Tínhamos um nome, uns estatutos e uma conta bancária a zero”, resume a vice-presidente, Paula Moreira. “Juntamos um grupo de pessoas com enorme vontade e começamos a trilhar um caminho que nos tem trazido até aqui, 24 anos depois”.
Ao longo destes anos muitos foram os projetos implementados que marcaram a vida social, cultural e desportiva da freguesia. O jornal Alô Sobrado, o Festival da Canção, a Exposição de Presépios, o futsal (campeã distrital três anos consecutivos), as férias de Verão, foram algumas das muitas iniciativas criadas com a chancela da ASCS. Paralelamente à dinamização de eventos, a ASCS foi apostando na criação de uma oferta cultural e desportiva permanente. E assim, ao longo do tempo, surgiram as modalidades de Ballet, Danças Sociais, Dança Jovem com os Novo Milénio, Fitness, Karate, Kickboxing, Pilates, Futsal de formação, Futsal sénior e, mais recentemente, o Atletismo. São dez modalidades que envolvem cerca de 300 atletas/alunos com idades compreendida entre os 4 e os 75 anos. “Já é uma “máquina” bastante pesada, mas que, com o apoio dos restantes elementos da direção e dos professores, tem sido possível levar a bom porto”, refere o presidente. Para Paulo Figueiredo, “esta oferta é fundamental para termos uma comunidade saudável e ligada à terra. Sobrado é uma freguesia periférica, com grandes problemas ao nível da mobilidade, e poder oferecer esta diversidade de atividades é algo que nos deixa bastante orgulhosos. Estas modalidades já estão enraizadas, praticamente todas estão na capacidade máxima, mas queremos mais. E vamos ter. Em maio iremos arrancar com um novo projeto: ensino de música. É uma parceria com a Banda Musical de S. Martinho do Campo em que eles dão o know-how (conhecimento) e nós acrescentamos uma valência numa área que faz falta. É mais uma porta que abrimos. É importante referir que a direção da ASCS tem tido uma preocupação bastante vincada com a vertente social. As mensalidades praticadas em todas as modalidades são bastante reduzidas, sobretudo quando comparadas com o que se pratica aqui à volta, e a qualidade é bastante elevada. Isto é possível porque há uma gestão cuidada e sem grandes preocupações com o lucro. Todas as verbas arrecadadas são investidas na melhoria das condições de treino”.
Sobre um possível alargamento da oferta, o presidente da ASCS mostra-se cauteloso. “A Câmara Municipal de Valongo tem sido uma parceira fundamental no nosso sucesso, mas a verdade é que os pavilhões de Sobrado estão no limite e já temos perdido alguns horários. Crescer esbarra na falta de horários, mas acreditamos que a autarquia irá ter em consideração a nossa vontade e criar condições para isso. Agora estamos concentrados no que temos, mas sempre atentos e disponíveis para dar mais um passo em frente”.
DE REGRESSO À CASA DAS ARTES
Nascida da “morte” da Casa do Povo, a Casa das Artes tem sido utilizada a espaços e sem uma programação que fidelize os sobradenses. “A nossa missão é precisamente essa: fidelizar. Criar rotinas para que as pessoas se voltem a encontrar com este espaço e com a cultura. A antiga Casa do Povo foi um polo fundamental na vida da comunidade. As sessões de cinema (de Cowboys ou Indianos) marcaram uma geração que teve o primeiro contacto com esta arte neste espaço. Foi também discoteca e o teatro que aqui se fez também marcou uma era. Enfim, grande parte das gerações de 70/80 e até 90 tem uma história para contar com algo que se passou na Casa do Povo. E é isso que queremos recuperar. Sabemos que os tempos são outros, a oferta é completamente diferente, mas acreditamos que há espaço para recuperar tradições. E o investimento que estamos a fazer tem esse objetivo. Estamos a dotar o espaço de condições para acolher um espetáculo de teatro, um concerto, um espetáculo variado, uma sessão de cinema e até para ser discoteca. Queremos oferecer um pouco de cada coisa para que as pessoas, sejam elas jovens ou menos jovens, não tenham necessidade de sair de Sobrado para ter contacto com alguma destas realidades. Teremos sempre uma atenção especial para os nossos associados, para quem está connosco a tempo inteiro, mas o grande objetivo é chegar a toda a população de Sobrado e arredores”.
Ultrapassada a fase das obras, a Casa das Artes está disponível para receber todo o tipo de iniciativas. “No fim de semana de 05 a 07 de abril faremos um conjunto de iniciativas destinadas a assinalar a reabertura do espaço. Na sexta iniciamos com um espetáculo variado para convidados, para quem nos ajudou a chegar aqui. No sábado teremos um concerto de tributo aos Queen, que está praticamente esgotado. E no domingo haverá uma sessão de cinema para os mais jovens. Enfim, será um fim de semana em grande!”. E para o futuro? O presidente não tem dúvidas na resposta… “No futuro teremos uma oferta cultural variada. Queremos trazer teatro, nosso e de outras companhias, concertos, magia, stand-up, queremos ter discoteca, noites dançantes, festas temáticas… Estamos prontos para “tudo” e disponíveis para ouvir sugestões que nos façam chegar. Mas há algo que é importante sublinhar. A Casa das Artes terá sempre a porta aberta. Acreditamos que os santos da casa fazem milagres pelo que os artistas da terra caberão na nossa programação. Queremos trazer gente conhecida e dar gente a conhecer”.
ALARGAR HORIZONTES
O protocolo assinado com a Junta de Freguesia de Campo e Sobrado foi um ponto de viragem na vida da ASCS. Depois de várias tentativas, foi possível estabelecer um compromisso que satisfaça ambas as partes. “Não foi um processo simples, mas, felizmente, acabou bem. O executivo da junta foi sensível aos nossos argumentos e quem sai a ganhar é a população. A junta tem sido um verdadeiro parceiro e tem-nos permitido seguir o caminho que foi delineado”.
Esta realidade vivida pela ASCS trará novos desafios que a associação terá capacidade para lidar. “Temos uma equipa diretiva bastante coesa e com um compromisso a todos os níveis notável. Gente de trabalho, com vontade e com ideias que nos farão avançar, de certeza. Para além disso, temos procurado agregar outras entidades que nos ajudem a chegar mais longe.
Para além da já referida parceria com a Banda Musical de Campo, a ASCS está a trabalhar em projetos conjuntos com a Comissão de Festas do S. João de Sobrado para 2025, com o Museu da Magia de Portugal, com a Pinto’s Música… São entidades que vão, seguramente, ajudar-nos a crescer e fazer coisas diferentes”.
Sem grandes metas para o futuro a longo prazo, mas com vontade de marcar uma era, Paulo Figueiredo revela um pouco do plano traçado. “O protocolo com a Junta é válido até ao final do ano de 2025 e o mandato desta direção também. Como tal, o que podemos prometer é que durante este período daremos o máximo para marcar a diferença. Vamos ter uma atenção redobrada com a Casa das Artes, mas não iremos descurar o tanto e tão bem que fazemos a cerca de 300 pessoas que diariamente estão connosco nas modalidades. Estou convencido que o trabalho que temos vindo a desenvolver na Casa das Artes fará com que o próximo executivo da junta queira manter esta parceria e tenho a certeza que da parte da ASCS haverá quem dê continuidade ao projeto. Será algo para perdurar. Mas o nosso foco é 2024, ano que a ASCS comemora 35 anos, e 2025, ano em que comemora 25 anos de atividade ininterrupta”.
UM REPTO À POPULAÇÃO DE SOBRADO
Para o presidente da ASCS, “o trabalho que está a ser feito só tem significado se a população usufruir dele. Há uma tendência de dizer que em Sobrado não se faz nada para além do S. João. Não é verdade e o nosso trabalho comprova-o. Agora está na hora das gentes de Sobrado mostrarem que gostam, querem e aderem à cultura que se faz e promove na freguesia. Não vai ser possível dizer que em Sobrado não se faz nada. Haja público e faremos muito”.
ELEMENTOS DOS ÓRGÃOS
SOCIAIS DA ASCS
Paulo Figueiredo // Paula Moreira // Sandra Moreira // José Mota // Cristina Duarte // Susete Ribeiro // Maria José Marques // Luana Ramos // Orlando Alves // Paulo Barros // Marco Nogueira // Dulce Nunes // Carlos Mota
MODALIDADES DISPONÍVEIS
Atletismo – Ballet – Dança Jovem (Grupo Novo Milénio) – Danças Sociais – Fitness – Futsal de formação (sem competição) – Futsal Sénior (sem competição) – Karate – Kickboxing – Pilates – Teatro.
MAIS INFORMAÇÕES
https://www.facebook.com/asc.sobrado.5 Telm. 91 953 42 08
Na foto: Paulo Figueiredo, presidente da ASCS e Alfredo Sousa, presidente da Junta de Campo e Sobrado.