De Valongo para a Maia, Paulo Pereira tem somado títulos no atletismo

“Quem corre por gosto não cansa”, diz o ditado. Paulo Pereira concorda, entre gargalhadas, mas admite algum cansaço no fim das provas. Não é para menos, dado os títulos que tem trazido para casa nos últimos meses, com a camisola do Maia Atlético Clube (Maia AC) vestida. O Jornal Novo Regional falou com o jovem atleta.

Está há apenas um ano no mundo do atletismo e tem apenas 19 anos, mas já representou o país no mundial da modalidade que se realizou em 2022 em Cali, na Colômbia, é campeão nacional sub-23 de 100 metros, campeão nacional sub-20 de 60 metros e vice-campeão nos sub-23 em 200m. Estes são apenas alguns dos títulos conquistados, mas a lista podia continuar.

Para este atleta valonguense, menos de sete segundos são o suficiente para correr 60 metros. Esta resistência física deve-se, provavelmente, à prática desportiva que o acompanha desde sempre. “Comecei a jogar futebol quando tinha seis anos e só parei aos 18”, conta ao Jornal Novo Regional. Trocou o relvado pelas pistas cobertas (e ao ar livre) sem saber muito bem porquê, mas, ao que parece, foi uma decisão acertada: “entrei no atletismo a 15 de outubro de 2021. Foi uma coisa que aconteceu do nada, mas senti-me logo em casa”, diz, recordando a chegada ao Maia Atlético Clube.

A escolha da equipa, no concelho vizinho de Valongo, também foi natural. Aconteceu depois de uma excelente prestação no “Mega Sprinter”, uma competição escolar nacional organizada em parceria com a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA). “O meu professor, que era treinador no Maia AC, perguntou-me se eu não queria fazer um treino lá. Fui para lhe fazer a vontade e saí mesmo mal disposto, a vomitar e tudo”, recorda. Já em 2021, decidiu experimentar mais uma vez a modalidade et voilá.

“Foi um grupo que me acolheu de braços abertos. Adoro a minha treinadora, encontrei lá a minha namorada e sinto-me mesmo em casa”, descreve Paulo Pereira. Não é para menos, até porque treina todos os dias sob orientação de Cristina Regalo. Um dia normal deste atleta de 19 anos começa a partir das 09.00 e pode incluir duas horas de treino em ginásio de manhã, uma massagem com um médico da FPA e mais um treino na pista ao final do dia. Tudo combinado com uma alimentação cuidada que o próprio se compromete a seguir, até porque, embora esteja “a tentar arranjar trabalho, neste momento o meu dia a dia é 100% focado no atletismo”, descreve Pereira.

De olhos postos no futuro

Os resultados de Paulo Pereira não passaram despercebidos ao Sporting Clube Portugal, que convidou o atleta para se juntar à equipa de atletismo, mas a humildade falou mais alto. “Sinto que, antes de dar um grande passo, um atleta tem de ganhar mais maturidade. Eu só tenho um ano de atletismo, por isso, achei que não era a escolha certa”, conta. O valonguense não esconde, no entanto, a vontade de voar mais alto: “claro que gostava de representar um desses grandes clubes”, admite.

Os planos para o futuro são, para já, pouco concretos. Um emprego fora do desporto “para o caso de o atletismo não resultar” e porque “também há o risco de ter lesões”, conta, está entre os planos, mas a vontade é de continuar a correr e a aprender com as lendas do desporto como Usain Bolt, Michael Jordan e Cristiano Ronaldo. “Gosto de ouvir o que eles têm a dizer e tento aplicar a mim porque a parte psicológica de um atleta tem de estar sempre intacta”, afirma o jovem de 19 anos.

Voltando aos planos para o futuro, Paulo Pereira tem, pelo menos, uma meta traçada: ir aos Jogos Olímpicos de 2024, que acontecem entre julho e agosto em Paris (França). “Podem dizer que é sonhar muito alto, mas eu acredito bastante nisto, nada é impossível”. Até lá, garante que vai continuar a deixar toda a energia na pista, quer nos treinos, quer nas provas. “É uma sensação muito bonita, nunca me sinto nervoso nas provas, sinto-me ansioso por correr”, conclui.