Novo Capítulo este sábado: Confraria do Pão, Regueifa e Biscoito de Valongo existe há 8 anos

Por altura dos oito de atividade da Confraria do Pão, da Regueifa e do Biscoito de Valongo (CPRBV), e na véspera de mais um Capítulo desta Confraria, o Jornal Novo Regional ouviu a responsável da mesma (Padeira Mor) Rosa Maria Rocha

Qual tem sido a atividade da Confraria durante a existência?

A Confraria do Pão, da Regueifa e do Biscoito de Valongo (CPRBV), criada por escritura pública em 5 junho de 2015, teve o seu primeiro Capítulo em 4 de junho de 2016.
Começar um projeto não é tarefa fácil, mas é gratificante – é como conceber uma criança, vê-la nascer e depois crescer – foi o que aconteceu.
Entre 2015 e 2016, uma Comissão Instaladora desenvolveu todo o trabalho para a instalação da Confraria – criou o Livro de Usanças e Regulamento Interno, concebeu e mandou fazer o traje, o chapéu, a insígnia, o estandarte … e marcou eleições para os Órgãos Sociais da Confraria, que se realizaram no dia 27 de fevereiro de 2016. A partir dessa data, a Confraria passou a funcionar de pleno direito e começámos a preparar o nosso I Capítulo, que teve lugar no dia 4 de junho de 2016.
A partir daí, começamos, aos poucos, a desenvolver atividades tendo em vista cumprir o objeto da nossa associação, que é – a preservação e divulgação, bem assim como o estudo, defesa, prestígio, valorização, promoção e consolidação da qualidade do Pão, da Regueifa e dos Biscoitos de Valongo, enquanto valores gastronómicos e de interesse económico local.
Para o efeito, além da realização do Capítulo anual, que este ano vai ser o nosso VI e é já este sábado, 3 de junho, desenvolvemos atividades de natureza: pedagógica – os pequenos-almoços à moda antiga, realizados nos Agrupamentos de Escolas de Valongo, com alunos do 4.º ano, assim como em outros locais e eventos;

  • promoção e divulgação dos nossos produtos, no caso a sopa seca – temos ido a Escolas de Hotelaria e a Escolas Superiores com a Licenciatura de Restauração ensinar a fazer a sopa seca.
    Promovemos 2 concursos – o Concurso a Melhor Sopa Seca – feito na freguesia de Valongo e que este ano foi convertido na Festa da Sopa Seca, que foi um sucesso, e o Concurso a Melhor Rabanada, feito na freguesia de Ermesinde e que este ano vamos converter na Festa da Rabanada.
    Começamos, este ano, a fazer, na Freguesia de Campo | Sobrado, uma “Caminhada pelas terras do “ouro negro” de CAMPO-Valongo – ALGUMAS ESTÓRIAS NA 1.ª PESSOA” e outras se seguirão.
    Estes concursos e a caminhada têm, também, um fim de solidariedade – no final há um lanche, sendo passadas rifas cuja receita é oferecida a Instituições de Solidariedade Social.
    Participamos no dia da gastronomia – dia 26 de maio – e nos eventos que a Federação das Confrarias Gastronómicas promove.
    Participamos em todos os eventos organizados pela autarquia e para os quais somos convidados – nomeadamente a Feira da Regueifa e do Biscoito, que se realiza no 1º fim de semana de junho, estando no nosso Capítulo integrado nessa festa; a EXPOVAL, as Aldeias de Natal, a Greenfest, entre outros.
    Participamos em programas de televisão, dando a conhecer ao país e à nossa Diáspora não só a Confraria como o Município e a logomarca “Regueifa e Biscoitos”.
    Enfim, isto é uma parcela do que fazemos, sendo que estamos sempre abertos a novos desafios. Ainda hoje recebemos um desafio de participação num Programa de Voluntariado Intergeracional a realizar com idosos e que vai ser muito interessante. Qual a importância da Confraria para Valongo?

A Confraria é uma Associação importante para o município e seus munícipes, porque promove, defende e divulga valores gastronómicos que são nossos, são de todos. Com a sua atividade, colocou Valongo no mapa da gastronomia portuguesa; participamos, e assim demos visibilidade a Valongo, no Concurso sobre as 7 Maravilhas Doces de Portugal, tendo chegado à 1.ª pré-final; participamos, em colaboração com a Câmara, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), onde fizemos um Workshop de Sopa Seca, muito apreciada por quem participou na degustação; participamos várias vezes na Expocidades – Mostra Turística das Cidades do Eixo Atlântico e …

Pode falar um pouco do capítulo, quantos novos membros vão ser entronizados?

No próximo dia 3 de junho, a partir das 14h30m, realiza-se o nosso VI Capítulo, que poderia ser o VIII, não fora a Epidemia que a todos afetou!
Um Capítulo é a Festa Maior de uma Confraria, pois é um encontro do movimento confrádico, envolto em algum simbolismo. Todas as confrarias do país são convidadas a visitar-nos e a participar na nossa festa, a serem testemunhas da entrada de novos confrades. Começa por um “mata-bicho”, para compor o estômago de quem vem de longe, segue-se a entronização de novos Confrades, que este ano são cinco, numa cerimónia com alguma solenidade, em que o ponto alto é o juramento dos novos confrades, que se comprometem, perante todos, a defender os valores e interesses da Confraria, terminando com o maravilhoso Hino da Confraria, feito por dois Campenses – Salomão Abreu, compositor, e Martinho Abreu, letrista. Terminada a cerimónia, segue-se o momento da confraternização, da socialização, da partilha e amizade entre confrarias e respetivos confrades à volta de um lanche ajantarado.

Quantos confrades há atualmente?
Atualmente, somos 168 confrades e vamos passar a ser 173, após este capítulo. Somos uma família grande!

Principais dificuldades (por exemplo a nivel de instalações).

A Confraria está numa fase que já anda em velocidade de cruzeiro. O difícil é criar, é construir uma estrutura assente em bases sólidas … mas isso está feito. Existimos há 9 anos e fomos, ao longo desse tempo, criando iniciativas, copiando outras e assim crescemos. Tudo o que dependia e depende de nós está feito. Infelizmente, e mais uma vez o digo, não temos uma sede! Somos uma associação sem fins lucrativos, o valor que criamos é incorpóreo, é cultura, é tradição, por isso, não criamos riqueza, pois se criássemos, podem crer, já não seríamos uma Associação Sem Abrigo (ASA), pois já teríamos voado mais alto e comprado um teto para abrigar a CPRBV. O Município, desde o início da nossa existência, que nos tem prometido uma sede, sendo que duas vezes foi em público … mas não definiu data certa!!!
Este ano termina o 3.º mandato comigo a Presidente. Como defensora, à falta de melhor, do regime democrático para o governo das organizações, não me recandidatarei … Este é, por isso, o último Capítulo por mim presidido!
Saio com um espinho atravessado na garganta – não termos conseguido uma sede – mas certa de que, nos mandatos por mim presididos e com a ajuda de uma equipa não de “carneiros”, mas sim de Homens e Mulheres com diferentes opiniões mas com objetivos comuns, fizemos o nosso trabalho com amor à camisola, com amor à nossa terra e, acima de tudo, com amor a uma filha que temos em comum – A CONFRARIA.