O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, visitou hoje o Parque das Serras do Porto. Iniciou a visita em Valongo, passou por Gondomar e terminou em Paredes. O membro do governo disse que “poderá haver financiamento” para o Parque das Serras do Porto, mas advertiu que o recurso a fundos comunitários relacionados com a conservação da natureza é “profundamente centralista”.
“Poderá haver financiamento para apoio ao Parque das Serras, mas esta é uma tarefa de muitos, muitos anos de reordenamento florestal, reaproveitamento das aldeias que aqui estão, onde as autarquias terão sempre um papel fundamental como tiveram até agora”, disse Matos Fernandes.
Em causa está um projeto que abrange aproximadamente seis mil hectares de zona verde dos concelhos de Gondomar, Paredes e Valongo, que foi classificado como Paisagem Protegida Regional e recebeu o alto patrocínio da Presidência da República.
O ministro do Ambiente, acompanhado dos presidentes das três autarquias que emprestam território ao também chamado “Pulmão Verde da Área Metropolitana do Porto”, percorreu esta manhã trilhos que dão acesso a minas romanas ou aldeias históricas, entre outros elementos localizados nas serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores, Santa Iria e Banjas. Vários presidentes de junta dos três concelhos marcaram também presença.
Antes de iniciar a caminhada, Matos Fernandes ouviu os autarcas pedir ao Governo “atenção” para com este projeto que foi aprovado em reunião do Conselho Metropolitano do Porto (CmP) a 10 de abril de 2015, tendo entretanto sido constituída a Associação de Municípios Parque das Serras do Porto, entidade que assinou a escritura a 18 de abril do ano passado.
O presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, primeiro anfitrião da comitiva do Ministério do Ambiente, referiu, antes de uma visita ao Fojo das Pombas ou à Aldeia de Couce, que “se discute muito financiamentos para aeroportos e portos de mar, mas no coração do Porto existe uma infraestrutura verde que também merece o olhar do Governo”.
Já o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, que hoje também viu confirmada a notícia de que o Governo vai investir 10 milhões de euros na retirada de resíduos perigosos de São Pedro da Cova, local ligado à história das minas de carvão que aliás Matos Fernandes visitou, falou da necessidade de requalificar o espaço que constitui “uma entrada nobre” do Parque das Serras.
Também o presidente da Câmara de Paredes, Celso Ferreira, que atualmente preside à Associação de Municípios Parque das Serras do Porto, sendo que foi no seu município, mais propriamente no parque de lazer da Senhora do Salto, que terminou a visita, enumerou as “potencialidades turísticas, paisagísticas, geológicas e desportivas” do local, pedindo ajuda governamental para “dar corpo financeiro ao projeto”.
“Este Governo confronta-se com o seguinte: não tendo a mais pequena dúvida de que o principal pilar da reforma do Estado é a descentralização, temos um quadro comunitário de apoio profundamente centralista. Por isso, não é no prazo de dias que posso dar uma resposta afirmativa à solicitação dos senhores presidentes de câmara, que é muito justa”, referiu Matos Fernandes em resposta aos jornalistas.
O governante falou especificamente do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (PO SEUR), apontando que a programação desta linha de financiamento “acontecerá ainda este ano”.
Matos Fernandes frisou que “deixa de fazer sentido que só o ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas] possa aceder a fundos comunitários para a conservação da natureza”.
“Este é de facto um projeto que nasce da vontade política de três autarcas e que a partir de um território que é magnífico estão a tudo fazer para o tornar ainda mais relevante do ponto de vista ambiental” apontou o ministro do Ambiente, realçando o facto de “estar no meio da Área Metropolitana do Porto e ser um importante espaço de visitação e de melhoria dos valores naturais”.
Lusa
Foto: Nuno Sousa CMV