Exposição “Despojos de Guerra” de Leonel de Castro inaugura em Ermesinde

Imagem: Município de Valongo

O Fórum Cultural de Ermesinde inaugurou ontem, 20 de março, a exposição de fotografia Despojos de Guerra, da autoria de Leonel de Castro. A mostra retrata, através da fotografia documental e do registo memorialístico, as histórias de resistência e superação de soldados das Forças Armadas Portuguesas que ficaram incapacitados devido à Guerra Colonial (1961-1974).

A exposição apresenta um olhar sensível e profundo sobre as consequências do conflito, destacando as marcas deixadas na vida daqueles que o viveram.

“Despojos de Guerra” é um ensaio de fotografia documental e, também, de recolha memorialística, que nasceu com os deficientes das Forças Armadas portuguesas. Nasceu, em especial, com deficientes profundos, feridos ao longo dos 13 anos de duração da Guerra Colonial (1961-1974). É um trabalho que não se esgota na guerra ela mesma, mas busca histórias de resistência e superação dos jovens soldados daquele tempo, que tiveram de lutar para a sociedade os aceitar como os homens inteiros que são. Também é um projeto que não se esgota em Portugal. Cruzando as picadas, entrando no mato e sabendo para onde olhar, é possível, em África, viajar no tempo, tantos são os testemunhos, vivos e silenciosos, do conflito. É o outro lado, menos conhecido por cá, dos que combateram pelos movimentos independentistas, em Angola, em Moçambique e na Guiné-Bissau, mas também dos africanos que integraram o Exército português. As marcas indeléveis nos corpos de homens e mulheres que, ainda crianças, pegaram em armas pela FNLA, na região angolana dos Dembos, pelo MPLA em Cabo Delgado, Niassa e Tete e igualmente nos que combateram pelo PAIGC na Guiné-Bissau. Esses são os que falam, com a voz ou com o olhar. O silêncio é dos espaços. Dos cemitérios onde foram sepultados militares portugueses, hoje ao abandono, dos sítios onde a metralha zurziu vidas de todas as cores, das prisões do salazarismo, das memórias caladas. Um silêncio de morte. De muitos milhares de mortes. Fazendo uso de técnicas que vão do pioneirismo da fotografia ao suporte digital, vão desaguar no que serão os suportes definitivos do trabalho, um livro e uma exposição.”

A entrada é gratuita, convidando o público a refletir sobre este período da história portuguesa e as suas repercussões.