Turma da Escola Mirante dos Sonhos mostra resultados de um ano letivo diferente

Ensin’@rte é o titulo de uma exposição que pode ser vista a partir de hoje e até 2 de julho, na sede da Junta de freguesia de Ermesinde.

Esta é uma exposição que pretende apresentar ao público o resultado de vários desafios propostos aos alunos e respetivas famílias do 1º G da Escola Básica Mirante de Sonhos, em Ermesinde, pela professora Neuza Pinto, durante o Ensino à Distância, no presente ano letivo.

Para quem ensina a ler e a escrever, sabe que o contacto físico entre professor e aluno é importantíssimo; que o “pegar na mão” é essencial na orientação das aprendizagens de quem está na escola pela primeira vez. Durante um período de tempo em que a escola passou a ser em casa, parecia quase impossível ensinar alunos desta idade, já que a separação física era uma realidade. Contudo, com a colaboração dos pais, a professora abraçou mais este desafio, servindo-se das tecnologias e dos meios digitais para dar continuidade ao trabalho iniciado na escola. Surgia uma grande questão: como motivar os alunos para as aprendizagens, nesta nova forma de aprender e de ensinar?

Foi no trabalho de projeto, com recurso a desafios semanais, que se encontrou a fórmula para trabalhar os conteúdos das diferentes áreas do currículo, interligando tudo com a componente artística, para uma maior autonomia; desenvolvimento do sentido estético e dos valores de cidadania e de ecologia.

Numa linha digital, agora transportada para um espaço físico, foi possível unir todos os intervenientes deste projeto de ensino e de aprendizagem – professora, alunos e pais – fazendo da escola um espaço muito mais rico e atrativo, apesar de todas as circunstâncias impostas por um confinamento. O resultado está à vista e pode ser agora apreciado por todos quantos sentem pela Arte de Ensinar uma verdadeira paixão.

Desafios

1º – Os Animais

Com este primeiro desafio pretendia-se mostrar às crianças que, mesmo à distância, conseguem seguir as orientações da professora e fazer coisas fantásticas.

Tratando-se de um 1º ano de escolaridade, é preciso muito apoio individualizado, por isso, foi possível contar, desde logo, com o apoio dos pais nesta tão importante tarefa.

Enviaram-se aos alunos alguns exemplos de como podem desenhar animais de uma forma divertida, partindo do contorno das suas próprias mãos. Os resultados foram fantásticos! Começava assim a caminhada destes pequenos grandes artistas.

2º – O Boneco de neve

O inverno, enquanto estação do ano, é motivo para se fazer algumas decorações interessantes na escola, depois de exploradas as suas potencialidades na abordagem de diversos conteúdos programáticos.

No Ensino à Distância era fundamental proporcionar momentos de descontração e de criatividade. Assim, com a proposta de elaborarem um boneco de neve com recurso a materiais reutilizáveis, os meninos puderam dar “largas à imaginação” e, mais uma vez, foi fundamental a colaboração dos pais.

3º – As Mandalas

Depois de terem já interiorizado esta técnica, em sala de aula, aquando o ensino presencial, era importante continuar a estimular o seu desenvolvimento, pois trabalhando a concentração, a motricidade fina, o sentido estético, é possível criar verdadeiras obras de arte.

Com orientações muito precisas de como utilizar corretamente os materiais, neste caso, canetas de gel, os alunos foram pintando algumas mandalas que lhes eram enviadas pela professora.

De semana para semana, os próprios pais foram-se motivando com esta técnica de pintura, ao ponto de também lhes ter dirigido o mesmo desafio – pintar mandalas. Disto resultou uma partilha de belas pinturas realizadas por mães e pais, num desempenho fantástico e que podem, também elas, ser apreciadas nesta exposição.

4º – O Ratinho

Partindo de uma folha com três corações desenhados e do exemplo de como construirem um ratinho a partir dos mesmos, propôs-se aos meninos que recolhessem materiais recicláveis e que elaborassem o seu ratinho. De seguida, deveriam fazer também a sua casa, com total liberdade na escolha dos materiais a utilizar, bem como da sua dimensão.

Com este dasafio, eles deveriam ainda preparar uma apresentação oral cujo mote era o ratinho em confinamento. Cada menino deveria fazer a fala do ratinho, encarnando o personagem e, num pequeno vídeo, apresentar-se e explicar por que motivo era obrigado a ficar em casa, sugerindo ainda formas de ultrapassar as dificuldades causadas por esta nova condição, bem como as formas encontradas para combaterem a solidão.

Com esta atividade, pretendia-se que as crianças pudessem trabalhar os sentimentos, as emoções e as frustrações provocadas pelo confinamento a que estavam obrigadas, dando-lhes a oportunidade de falarem acerca do que sentiam.

5º – O Coração

Na escola, o Dia de S. Valentim começa a ganhar cada vez mais relevância, pela possibilidade de celebrarmos o amor e a amizade. O espírito de entreajuda e de aceitação do outro torna-se muito mais forte quando se alimenta uma boa amizade entre os seus pares.

Com esse propósito, os alunos foram, mais uma vez, desafiados. Tinham de projetar e construir um coração, com os materiais à sua escolha, que transmitisse uma mensagem para alguém de quem gostam muito. Foram levados a refletir sobre o que os outros fazem por eles; sobre a importância de terem pessoas que gostam deles e sobre o facto de nem sempre agradecerem àqueles que lhes fazem bem. Com este desafio teriam a oportunidade de fazerem tudo isto. E assim foi. Surgiram corações lindíssimos para presentearem pessoas que, para estes meninos e meninas, são certamente maravilhosas.

6º O Palhaço

Chegava o carnaval e a pergunta colocava-se: como tornar esta época divertida no Ensino à Distância, quando as crianças aguardavam, ansiosas, pelo tão esperado desfile para mostrarem as suas fantasias?

Para além da sugestão de um desfile por videoconferência, lançou-se mais um desafio que consistiu na elaboração de um palhaço com materiais recicláveis. De seguida, deveriam fazer uma apresentação do mesmo, encarnando essa personagem, num jogo de expressão dramática, contando uma piada, ou fazendo uma brincadeira para animar os colegas. Surgiram palhaços muito criativos e autênticas revelações ao nível da representação.

7º A casa

Ao abordar os conteúdos de estudo do meio, relacionados com as partes constituintes da casa surgiu, de imediato, a ideia do maior desafio de todos – elaboração da maquete da casa ou de uma divisão da mesma. Sempre com uma preocupação ecológica, os materiais deveriam ser essencialmente reutilizáveis. Era importante que os alunos olhassem à sua volta e tentassem encontrar materiais, presentes no seu dia-a-dia, para os transformar, fazendo nascer novos objetos.

Todos “abraçaram” este projeto, inicialmente com alguma apreensão, dada a exigência do mesmo, mas também com muito entusiasmo e determinação.

Com este desafio, que acabou por ser o último em situação de confinamento, pretendia-se também que as crianças aprendessem a valorizar algo feito por elas e que se tornaria num objeto de futuras brincadeiras, envolvendo as famílias num projeto comum a todos os seus elementos, proporcionando assim, tempo de qualidade passado juntos, fazendo da casa, enquanto lugar de confinamento, um espaço divertido.

Mais uma vez, os resultados foram surpreendentes, dignos de serem apreciados e valorizados.

No final do 7º desafio, todos regressaram ao ensino presencial muito mais enriquecidos, mostrando que a Escola mantém-se muito mais viva, onde quer que ela exista, quando professores, alunos e pais caminham juntos num trabalho colaborativo.