“Gestão de resíduos” facilitada nesta altura. Pode ficar mais fácil o atropelo no aterro de Sobrado

Apesar do pedido do presidente da Câmara de Valongo feito ao ministro do ambiente para impedir o depósito de lixo hospitalar no aterro de Sobrado, o despacho conhecido hoje mas assinado ontem, aumenta a preocupação das gentes de Sobrado e concelho de Valongo.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, assinou hoje, terça-feira, 31 de março, um despacho (ver o despacho no fim da notícia) que diz o seguinte em jeito de justificação “tendo em vista a mais correta e segura gestão de resíduos durante o período em que durar o Estado de Emergência em Portugal em consequência da pandemia provocada pelo COVID 19. A fim de proteger a saúde pública e a segurança dos trabalhadores do setor”.

O referido despacho determina que, e continuamos a citar: “seja dispensado o pagamento da Taxa de Gestão de Resíduos para as quantidades de resíduos urbanos adicionais encaminhadas para destino final; Seja suspensa a obrigação de pré-tratamento dos resíduos urbanos que se destinam a aterro; Agilizar a partilha de infraestruturas entre entidades gestoras de resíduos urbanos, com o objetivo de dar aos resíduos um destino mais adequado, como seja a incineração; Dispensar de emissão de guias de transporte de resíduos oriundos de produtores não inscritos e de setores prioritário (p.ex. hospitais de campanha); Permitir a extensão dos horários de funcionamento e o aumento da capacidade de armazenagem dos operadores de gestão de resíduos urbanos e hospitalares;”

Não sendo referidos aterros concretos, a esperança é que esta medida não atinja o aterro de Sobrado.

Há dias em declarações citadas por vários ocs, Diogo Oliveira, da Jornada Principal, dizia que  “todos os hospitais da zona Norte do país mandam os seus resíduos hospitalares G1 e G2 para Sobrado”, explicando que estes resíduos “apesar de serem equiparados a urbanos”, o facto de os “hospitais estarem num período de excesso de carga, quase todos vão estar infetados com o novo coronavírus”.

“Eles não deviam ir para nenhum aterro, deviam ser incinerados”, disse Diogo Oliveira, acrescentando que “a forma como vão reagir com mais de 400 outros resíduos vai gerar um composto que ninguém sabe o que será e que, por isso, é duplamente perigoso”, alertou.

Num documento enviado recentemente para a secretária de Estado do Ambiente, a Jornada Principal questiona também o Governo porque continua Sobrado, numa “situação de pandemia mundial” a “receber resíduos provenientes de outros países, como é o caso de Itália”, frisando serem estes resíduos “enterrados sem qualquer tipo de controlo”.

“Então se do Norte de Itália, que é de onde vêm os resíduos, é das zonas mais fustigadas pela covid-19, como é que o estado português ainda não tomou a decisão de parar, ainda que de forma temporária, a receção desses resíduos?”, prergunta.

No mesmo documento enviado ao Governo, a associação denuncia que “desde sexta-feira” que os resíduos depositados no aterro “estão expostos às condições climatéricas”, fazendo acompanhar o texto com um vídeo onde se vêm gaivotas a pairar sobre os resíduos descobertos, informando serem imagens “recolhidas no domingo”.

Vincando que “esta má prática origina fortes cheiros nauseabundos e a presença de um elevado número de gaivotas na zona de Sobrado”.

Recorde-se que hoje o presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, pediu ao ministro o fim do depósito de lixo hospital no aterro. Leia AQUI a notícia.