Cuidadores de animais da Maia contestam proibição de alimentar errantes e exigem medidas à Câmara Municipal

Um grupo de cidadãos e cuidadores de animais abandonados da Maia dirigiu uma carta aberta à Câmara Municipal, denunciando o que consideram ser uma política injusta e desumana face aos animais errantes do concelho.

No documento, os subscritores recordam que diariamente alimentam, tratam e protegem cães e gatos abandonados, muitos deles doentes, feridos ou vítimas de maus-tratos. “São vidas que sobrevivem apenas graças ao esforço de voluntários, que gastam do próprio bolso em comida, abrigo improvisado, medicação e campanhas de esterilização”, lê-se na carta.

O grupo contesta a existência de regulamentos municipais que proíbem a alimentação de animais de rua, sublinhando que tal medida “não resolve o problema do abandono, apenas agrava o sofrimento”. Relembram ainda a legislação em vigor, nomeadamente a Lei 27/2016 e a Portaria 146/2017, que impõem aos municípios a implementação do Programa CED (Captura, Esterilização e Devolução), considerado internacionalmente como a forma mais eficaz de controlar as populações felinas.

Entre as propostas apresentadas à Câmara da Maia destacam-se:

  • A aplicação efetiva do programa CED para cães e gatos;
  • A criação de um “Cartão de Cuidador”, que identifique e legitime os voluntários que acompanham as colónias;
  • Protocolos diretos com cuidadores e clínicas veterinárias para acelerar a esterilização;
  • Apoio alimentar e veterinário para colónias de rua;
  • A criação de parques de matilhas para cães abandonados em zonas afastadas;
  • Campanhas de sensibilização e fiscalização mais rigorosa em casos de maus-tratos.

Os cuidadores defendem que alimentar animais não deve ser criminalizado, mas sim reconhecido como um ato de compaixão. “Proibir dar água ou comida é condená-los ao sofrimento e à morte lenta”, afirmam, acrescentando que a verdadeira solução passa por combater o abandono na origem e não punir quem ajuda.

A carta termina com um apelo direto à autarquia: “O abandono e o sofrimento animal não podem ser normalizados nem ignorados. A forma como tratamos os mais vulneráveis é o reflexo da nossa humanidade. É hora de agir com responsabilidade e visão de futuro”.

Se tem sugestões ou notícias para partilhar relativas à região do Grande Porto, envie para: noticias@jornalnovoregional.pt