Tozé Santos reside em Ermesinde, criou o hino da cidade e vai atuar este domingo à tarde

Tozé Santos, conhecido como a voz da Banda Perfume, vive em Ermesinde e responde a algumas questões do JNR. Tozé Santos vai atuar no dia da cidade (13 de julho) e depois também nas Festas em honra de S. Lourenço.

– Tozé como começou a sua carreira?

A minha carreira começou aqui em Ermesinde, onde vivi desde os 12 meses até aos 18 anos de idade. Durante todo esse período, porque o meu irmão mais velho dava aulas de guitarra aqui na cidade, desde que ainda era vila e foi com ele que aprendi, não só guitarra, mas bateria e piano. Dei os primeiros passos em bandas de garagem, logo que terminei o 6º ano de escolaridade. Sobeja ainda a gravação da primeira entrevista de rádio, dada perto do Natal de 1988, junto à capela S. Silvestre, para a saudosa Rádio Paralelo, que ajudou na divulgação da minha música.

– E Ermesinde como aparece na sua vida?

Os meus pais procuraram casa em Ermesinde porque os preços das casas em 1975 no Porto eram exponencialmente mais caras. Como o meu pai trabalhava no palácio dos Correios, à Av. dos Aliados no Porto, pareceu bastante viável virem morar para a vila de Ermesinde, que até tinha bons preços na área imobiliária, e o meu pai ficava a uns 10 minutos de comboio do seu local de trabalho, que até dava para vir almoçar a casa todos os dias…

– Já se sente ermesindense?

Sempre me senti Ermesindense e sentia-me deslocado, quando depois os meus pais venderam a casa onde vivíamos aqui no centro, para irmos viver no Porto, à Prelada. Depois casei-me e constituí família noutra cidade, onde permaneci habitante cerca de 15 anos, a Maia. A minha vida deu uma volta exponencial, quando me dediquei só e unicamente à música, depois de ter sido designer gráfico de profissão e diretor de marketing de uma empresa multinacional. Com a vicissitude do  meu divórcio e ao ter necessidade de procurar nova habitação, não hesitei em regressar ao canto do coração – Ermesinde, onde estão os meus amigos de sempre e onde cresci e do qual guardo tão boas memórias… Sou e serei sempre Ermesindense, digo-o vigorosa e orgulhosamente em todos os meios de comunicação social que me dão espaço de expressão.

– E o tema que criou para Ermesinde, surge em que contexto?

O Hino de Ermesinde surgiu naturalmente, já que quando voltei para a minha cidade do coração, trazia já o intento de edificar o projeto a solo, que só este ano editou 7 álbuns e o tema-bandeira teria de ser esse, logo como 1º single. Fiz também questão de ilustrar a canção com um filme, onde consta um pequeno ator  – João Pedro, que tem 7 anos e é representativo fisicamente do que eu era nessa idade, onde frequentava o 2º ano de escolaridade, no bom velho ano de 1982.(Curiosamente João Pedro é o nome do meu colega de carteira na escola, em todo o ensino primário e, curiosamente, ainda hoje somos grandes amigos.. Foi com regozijo que referenciei nomes de pessoas, locais e episódios que povoam o imaginário do meu processo de crescimento. Fi-lo também porque devia, de alguma forma, essa homenagem a Ermesinde

– A importância da Banda Perfume no seu percurso?

Os PER7UME são, sem margem de dúvidas, o projeto mais representativo da minha carreira, desde que me tornei profissional na área da música, em 1997. Em 1999 contava à pessoa do Rui Veloso que havia assinado contrato para dois álbuns com uma banda que tinha criado, que cantava em Inglês . os bLUNDER. Estava a viver o sonho, no tempo das “vacas gordas”, como costumo ousar dizer. Grandes condições, grandes estúdios, super produtores Internacionais, etc. O Rui nunca abençoou que não cantasse em Português, pois tinha sido assim que me tinha conhecido e no que acreditava, para meu futuro e sucesso. Disse-me – “No dia em que voltares a cantar em Português, eu ajudo-te, até canto contigo!”. Seu dito, seu feito. Em 2006 estava a gravar, despretensiosamente, o disco de estreia desta banda e remeti-lhe as pré-produções. Ele adorou e adotou logo o “Intervalo”, onde entrou em dueto, que rapidamente se tornou Nº1 em todas as rádios Nacionais e tema do ano 2008, que nos valeu nomeações para prémios MTV, Globos de Ouros desse ano, etc. Entretanto já se passaram quase 20 anos e continua estar na boca de toda a gente…

– E os projetos com Olavo Bilac, Nuno Guerreiro e Vitor Santos. Zeca Sempre e Rua Nova, como os definiria? O desaparecimento de Nuno Guerreiro acredito que tenha sido um momento triste. Mas os projetos são para continuar?

Os Zeca Sempre também foram um marco importante na minha carreira. Em 2009 a editora lançou-me um repto para criar um projeto de tributo, eu logo me dirigi ao meu produtor Vitor Silva e começamos de imediato a procurar a melhor conjugação de vozes. Curiosamente foi muito funcional, acima até das nossas expectativas. Em 2010 estávamos com uma excelente tour, que passou por todo o país, galgou festivais e culminou nos coliseus, aquando da recepção/atribuição do disco de ouro ao projeto.

Infelizmente o Nuno Guerreiro deixou-nos prematuramente e, porque a Sra. sua Mãe nos pediu que não deixássemos calar a voz do Nuno, para que as pessoas o tivessem sempre presente, prometemos continuar com os projetos, acima de tudo em sua homenagem e honra. Na passada semana fizemos uma incursão aos Açores, à ilha de Sta. Maria, a propósito da celebração das festas em honra de S. João, para o qual convidámos a Susana Félix, que era também sua amiga e colega.

– O que nos promete para os dois espetáculos em Ermesinde?

No espectáculo da elevação a cidade, só terei espaço para interpretar 3 ou 4 faixas, onde farei com muito gosto interpretar o hino a Ermesinde, gravado no meu projeto – ZITO.

Já nas festas em honra de S. Lourenço, farei uma revisitação de carreira, enquadrando cada tema no âmbito da sua história. Desta feita o meu projeto, que se apresenta neste certame, denomina-se ZITO & as gajas boas. Acho que vai ser muito divertido, ao que convido desde já toda a gente para aceder a esta festa, que tantas memórias me traz, desde que me lembro de mim como pessoa. 

– E sobre os 35 anos da cidade de Ermesinde o que tem a dizer?

Eu assisti a um crescimento , ainda da vila de Ermesinde, desde quando havia pouco mais que o centro e, na periferia, era ainda um pouco campestre e menos desenvolvido. Mesmo junto à minha casa, em frente tínhamos uma área densa, as ruínas da fábrica da telha, íamos brincar para o rio leça, para a estação ou para as áreas selvagens em torno das escolas, a primária e a preparatória. De repente, em pouco mais de uma década, houve uma onde de grande desenvolvimento em toda a extensão desta terra, sendo que fiquei muito orgulhoso de poder viver que vivia na cidade de Ermesinde. Mesmo com os meus projetos de bandas de garagens, ao contrário de algumas outras bandas, que escreviam nas suas biografias que eram do Porto, eu fazia sempre questão de colocar. em letras garrafais – Made in ERMESINDE.