Ranking das Escolas: Privadas dominam o topo, mas debate sobre desigualdades volta à tona

Foram divulgados os rankings nacionais das escolas secundárias, baseados nos resultados dos exames nacionais. Como habitual, a publicação volta a acender o debate sobre os critérios de avaliação das escolas e as desigualdades entre o ensino público e privado.

Zona do Grande Porto: Colégios dominam, mas públicas sobem posições

Na área de cobertura do Jornal Novo Regional, os dados revelam que os colégios privados continuam a liderar, mas várias escolas públicas apresentaram desempenhos significativos.

Valongo:

  • A escola pública com melhor desempenho foi a Secundária de Valongo.
  • A Secundária de Alfena aparece em último no concelho.

Paredes:

  • A Secundária de Paredes foi aquela que se destacou, em termos de ensino público.
  • A EB/S de Rebordosa foi a que ficou mais abaixo no ranking.

Maia:

  • O Colégio Novo da Maia destacou-se, sendo uma escola de ensino privado.
  • A melhor pública foi a Secundária do Castêlo da Maia.
  • A que ficou pior posicionada no ranking foi a Básica e Secundária de Pedrouços.

Trofa:

  • O Colégio da Trofa foi aquele que obteve melhores resultados.
  • A Secundária da Trofa, pública, teve um resultado muito próximo, superando várias privadas de outros concelhos.

Santo Tirso:

  • A Secundária Tomaz Pelayo (pública) destacou-se a nível nacional.
  • O Instituto Nun’Álvres, privado, ficou abaixo de várias públicas da região.

Penafiel:

  • A Secundária de Penafiel teve um desempenho sólido.
  • A Secundária Joaquim de Araújo, em Guilhufe, ficou bastante abaixo no ranking.

Governo reconhece falhas e aponta medidas

O Ministro da Educação, Fernando Alexandre, comentou os resultados, reconhecendo que a falta de professores afeta o desempenho dos alunos, especialmente nas escolas públicas. “O sistema está mais focado na colocação de professores do que na identificação de alunos sem aulas”, admitiu.

Segundo o governante, já foram introduzidas 15 medidas, incluindo apoio à deslocação de professores e contratações mais flexíveis, o que permitiu reduzir significativamente o número de alunos sem aulas.

Pais e especialistas contestam critérios dos rankings

A Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) e o Conselho Nacional de Educação alertam para os riscos de uma análise centrada exclusivamente nos resultados dos exames. A presidente da Confap, Mariana Carvalho, defende a criação de rankings alternativos que valorizem o ambiente escolar, inclusão e preparação para a vida em sociedade.

David Rodrigues, do Conselho Nacional de Educação, reforça: “Avaliar escolas com base num único momento é redutor. As boas avaliações são contínuas.” Ambos alertam que as escolas públicas enfrentam realidades sociais mais desafiantes, com alunos sem acesso a explicações ou com problemas familiares que dificultam o desempenho académico.

Desempenho desigual e a urgência de rever o sistema

O ranking confirma o que muitos já sabiam: há uma diferença significativa entre os colégios privados e a maioria das escolas públicas, mas essa diferença reflete, muitas vezes, condições socioeconómicas desiguais, não necessariamente a qualidade pedagógica.

Enquanto os colégios investem fortemente na preparação para os exames, muitas escolas públicas têm como principal missão garantir que os alunos não abandonem os estudos e tenham condições mínimas para aprender.

O debate está lançado: os rankings devem continuar a ditar a qualidade das escolas ou será tempo de medir também o impacto social, a inclusão e o bem-estar dos alunos?