O Ministério Público da Comarca do Porto, na Maia (2.ª secção), deduziu acusação contra três indivíduos envolvidos numa alegada rede transnacional dedicada a burlas do tipo “Olá pai, Olá mãe”, esquema também conhecido como “falso familiar”. A decisão foi tomada a 12 de novembro de 2025.
De acordo com a acusação, dois dos arguidos — um casal — respondem por seis crimes de burla qualificada, dois deles na forma tentada, dois crimes de falsidade informática, um crime de associação criminosa e um de branqueamento. O terceiro arguido está acusado de um crime de burla qualificada, um crime de associação criminosa e um de branqueamento de capitais.
A investigação apurou que, desde o final de 2022, o casal integrava uma estrutura organizada especializada em operações massivas de fraude, recorrendo ao envio automatizado de mensagens que simulavam pedidos de ajuda de familiares. Cabia-lhes a aquisição e ativação de cartões SIM, utilizados em modems GSM que forneciam a outros membros da rede através de aplicações acessíveis no servidor “agente.smshub.org”. Em paralelo, estes elementos dedicavam-se à compra de equipamentos, à alteração de IMEI bloqueados pelas operadoras e à ocultação da origem das comunicações.
Segundo o Ministério Público, os dispositivos foram disponibilizados a outros membros do grupo, que criavam contas de WhatsApp para contactar potenciais vítimas. Em duas das situações, o próprio casal enviou diretamente as mensagens fraudulentas. A atividade terá permitido um lucro mínimo de 218 732,60 euros, montante recebido em criptomoeda e posteriormente convertido em dinheiro, através de depósitos em contas bancárias de terceiros próximos do casal.
O terceiro arguido juntou-se posteriormente à estrutura, com a função de fornecer contas bancárias, referências e entidades para onde as vítimas eram induzidas a transferir valores. Entre agosto e setembro de 2023, este elemento recebeu 12 523 euros.
Um dos arguidos do casal encontra-se atualmente em prisão preventiva.
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