(Fotografias retiradas do Projeto submetido à CMV)
Projeto da TQ – Saúde SGPS prevê investimento de 35 milhões e criação de 120 postos de trabalho
A Câmara Municipal de Valongo recebeu recentemente um pedido de reconhecimento de interesse municipal, apresentado pela empresa TQ – Saúde SGPS, S.A., relativo à construção de um complexo integrado de saúde em Ermesinde, na Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, junto à Igreja de Santa Rita. O projeto, que poderá transformar profundamente a centralidade da cidade, prevê a criação de um hospital privado, uma residência sénior, uma unidade de cuidados continuados e um hotel de quatro estrelas, num investimento estimado em 35 milhões de euros e com a criação de 120 postos de trabalho diretos.

De acordo com o documento submetido à autarquia, o empreendimento — denominado “Complexo Integrado de Saúde de Santa Rita” — foi apresentado como um “empreendimento de caráter estratégico”, solicitando o reconhecimento de interesse público municipal. Caso esse reconhecimento venha a ser aprovado pela Assembleia Municipal, será admitido um acréscimo de um piso à volumetria inicialmente prevista no Plano Diretor Municipal de Valongo (PDMV), ao abrigo do artigo 86.º do regulamento.
Um equipamento de grande escala no coração de Ermesinde
O terreno em causa, com cerca de 22.780 metros quadrados, situa-se numa zona central e de elevada acessibilidade, beneficiando da proximidade ao nó da A4, à EN15 e à EN208, bem como da ligação ferroviária da Estação de Ermesinde, a cerca de dez minutos. A proposta destaca o enquadramento urbano e paisagístico como um dos fatores determinantes para a sua viabilidade, uma vez que o local está rodeado por equipamentos emblemáticos — a Igreja e o Colégio de Santa Rita e o Seminário da Diocese do Porto.
O conjunto será implantado de forma integrada, com um hospital que incluirá atendimento permanente, bloco cirúrgico, meios complementares de diagnóstico e internamento, distribuído por vários pisos com quartos individuais e duplos. A residência sénior, com 42 quartos, destina-se a estadias temporárias e prolongadas, enquanto a unidade de cuidados continuados oferecerá serviços de convalescença e cuidados paliativos, podendo incluir também valências de saúde mental.
O projeto contempla ainda uma unidade hoteleira de quatro estrelas, com 81 quartos, destinada a colmatar a escassez de oferta turística e de apoio hospitalar no concelho. No total, o complexo incluirá mais de 380 lugares de estacionamento (140 subterrâneos e cerca de 240 em superfície), bem como a criação de uma nova via de acesso paralela à Avenida Eng. Duarte Pacheco, que funcionará como alameda pública.
Interesse estratégico e cooperação com a Diocese do Porto
O pedido fundamenta-se nos critérios do artigo 54.º do PDM de Valongo, que define como empreendimentos estratégicos aqueles que contribuam para o desenvolvimento económico e social do concelho, criando emprego e promovendo inovação em áreas essenciais como a saúde e o turismo. A operação urbanística integra a SUOPG 21 – Quinta dos Frades, em articulação com a Diocese do Porto, proprietária de parte dos terrenos abrangidos.
No âmbito do processo, está prevista também a cedência gratuita à Câmara Municipal de Valongo de um terreno com 23.963 metros quadrados, destinado à construção de um equipamento municipal, nomeadamente uma piscina pública.
Posicionamento Acionista e Perspetivas sobre a Gestão
A TQ – Saúde SGPS, S.A., promotora do projeto, foi constituída em 2023, em Mirandela, e pertence ao Grupo Terra Quente, que detém atualmente unidades de saúde em Mirandela, Bragança e Chaves. Segundo o Relatório Integrado do Grupo MCA de 2023, esta última detém uma participação minoritária de 45,6% na TQ – Saúde SGPS. Os restantes acionistas não foram divulgados publicamente.
Dado o caráter não-operacional do MCA na gestão de hospitais, perspetiva-se que o controlo e a operação do Complexo de Santa Rita possam vir a ser assumidos pelo parceiro maioritário da holding ou por outro grande operador do setor, embora não haja confirmação oficial sobre o gestor operacional. Um potencial candidato é o Grupo José de Mello, proprietário da rede Hospitais CUF, mas também não se pode excluir um Conselho de Administração partilhado ou outro grande player, com base na dimensão e complexidade do projeto.
O Grupo Trofa Saúde, presente no concelho, opera normalmente com controlo total das suas unidades, pelo que o seu envolvimento neste modelo de parceria seria menos provável. A dimensão do projeto, com um investimento estimado de 35 milhões de euros, reforça a ideia de que um operador de grande escala possa vir a assumir a gestão, mas a informação oficial ainda não foi anunciada.
Um investimento estruturante para o concelho
A proposta sublinha que o complexo “responde à ausência de uma unidade hospitalar em Ermesinde, a freguesia mais populosa do concelho, com mais de 39 mil habitantes”, e “reforça o posicionamento estratégico do município na Área Metropolitana do Porto”.
O projeto será agora sujeito a análise técnica e política pela Câmara e pela Assembleia Municipal de Valongo, que decidirão sobre o reconhecimento de interesse público municipal, condição necessária para a aprovação do licenciamento e do modelo final da unidade de execução.
—
Se tem sugestões ou notícias para partilhar relativas à região do Grande Porto, envie para: noticias@jornalnovoregional.pt

Seja o primeiro a comentar em "Hospital privado e residência sénior de 35 milhões em Ermesinde com contrapartida de nova piscina municipal"