Este podia ser um artigo sobre o aumento da biodiversidade nas margens do rio Leça, com a maior presença dos pássaros guarda-rios. É, na verdade, sobre a equipa de quatro profissionais que diariamente vigiam e monitorizam o rio com 46 quilómetros de extensão que atravessa os municípios de Valongo, Maia, Matosinhos e Santo Tirso.
Esta era uma profissão que estava extinta desde 1995 e que renasce na região para ajudar a Associação de Municípios Corredor do Rio Leça na missão de despoluir o curso de água. A “recuperação ecológica do rio” e a “valorização paisagística, cultural e socioeconómica do território que ele atravessa” estão, aliás, entre os grandes objetivos da associação intermunicipal fundada em 2021.
Os quatro vigilantes do Leça são funcionários das quatro autarquias que integram a associação de municípios e até contam com duas bicicletas elétricas, oferecidas pela união de freguesias de Custóias, Leça do Balio e Guifões no início do ano, que facilitam as deslocações ao longo dos 46 quilómetros de extensão. De resto, a patrulha faz-se também a pé ou de carro.
Encontrar eventuais irregularidades, como alterações à qualidade da água, colonizações de plantas invasoras, focos de poluição, vedações destruídas ou entupimentos estão entre as funções destes profissionais. Note-se que este foi, durante décadas, considerado como o rio mais poluído da Europa, mas “tem vindo, nos últimos anos, a ser palco de um relevante programa de regeneração”, esclarece a Câmara Municipal de Matosinhos, que este ano assume a presidência da associação.
O rio Leça em 2023
No passado dia 7 de janeiro, a associação de municípios apresentou as resoluções para o novo ano numa sessão aberta à comunidade. Entre elas, destaque para a disponibilização gratuita do serviço de limpeza das margens e do leito do rio que, embora “seja uma obrigatoriedade legal de cada proprietário”, vai poder ser feita pela associação mediante autorização: “basta que cada proprietário autorize a limpeza na sua propriedade”, lê-se na página de Facebook do projeto.
Outra novidade a ser desenvolvida e implementada em breve é a criação de uma aplicação móvel para ser usada pelos guarda-rios. A ideia é georreferenciar e registar com texto e imagem uma ocorrência identificada pelos “fiscais”. A novidade foi avançada pelo diretor-executivo da Associação de Municípios Corredor do Rio Leça, Artur Branco, à LUSA, e citada pela Visão.
A utilização desta app vai facilitar o trabalho destes quatro profissionais e reduzir o tempo que passa desde que uma ocorrência é identificada pelos Guarda-rios no terreno e chega às autoridades com competência para intervir. Assim, qualquer anomalia vai ser resolvida mais rapidamente e com menos consequências para o ambiente. Desde que entraram em funções, já no segundo semestre de 2021, os Guarda-rios do Leça já conseguiram identificar uma dezena de ocorrências anómalas, conta a Visão.