Bugiada e Mouriscada volta a atrair milhares de pessoas a Sobrado

Para a edição deste ano da Bugiada e Mouriscada, o Velho é António César e o Reimoeiro é Ricardo Alves

Entrevista ao Velho da Bugiada, António César, e ao Reimoeiro (ou rei mouro), Ricardo Alves.

António César é o atual presidente da Casa do Bugio e surge no papel de Velho na sequência de um processo moroso, já que esta distinção só acontece após muitos anos de participação na bugiada.
Refere António César que “Ser o presidente da Casa do Bugio é mais um motivo de responsabilidade. O papel de Velho tem sido atribuído por um grupo de sobradenses que já representaram esse papel que se sentam, reúnem, conversam e decidem reconhecer quem acham que está em melhores condições para exercer essa função. Tem sido assim há muitos anos e este ano por direito calhou-me a mim. Já há anos que ser Velho da Bugiada era um anseio. É a cereja no topo do bolo”.
Atingir o papel de Velho é o culminar de várias etapas e nem todos os bugios estão preparados e muitos nem pensam em ser Velhos. “Todos têm o direito de ser Velho e o sonho não pode ser cortado a ninguém. O reconhecimento vem ao longo dos anos do contributo que dá à festa, do empenho e trabalho que dá à Bugiada”, salienta o Velho deste ano.
Mas afinal o que faz o Velho da Bugiada e qual o seu papel? Responde António César: “O Velho é quem tem a seu cargo a responsabilidade do dia da bugiada. Além de ser um sonho concretizado, este dia implica muito trabalho e responsabilidade. O Velho tem o dever de cumprir com os requisitos, as regras da festa, as tradições. Cada pessoa tem a sua maneira e forma de desempenhar o cargo, mas não podemos sair daquelas linhas mestras que recebemos dos nossos antepassados. O papel de Velho é muito importante. Além da satisfação, orgulho e honra é o tal papel de responsabilidade para que tudo corra no dia. A preparação do dia começa no fim da bugiada anterior. No dia 25 de junho do ano passado comecei logo a pensar na festa deste ano. Não é só a logística de Bugiada em si, mas também o apoio à Comissão Festas para que as coisas cheguem ao dia 24 e corram bem. Queremos que as pessoas cheguem a Sobrado e saiam contentes com o que tiveram oportunidade de ver, já que se trata de uma festa única”.
Nesta “guerra” entre cristãos e mouros, do outro lado dos Bugios (cristãos) estão os mourisqueiros. O seu responsável, Reimoeiro, este ano é Ricardo Alves, de 28 anos, que já há 13 anos anda envolvido nos mourisqueiros. Ricardo que se mostrou agradado com o papel que lhe cabe, uma vez que “era um sonho antigo. Toda a gente que vai de mourisqueiro tem o objetivo de ir de Reimoeiro”.
Refere Ricardo Alves que o Reimoeiro “manda na tropa toda dos mourisqueiros, embora tenha o apoio dos guias, que por exemplo, apoiam nos ensaios e nas restantes tarefas”. Este responsável fala da paixão que os sobradenses têm por esta tradição e da importância que a Bugiada e Mouriscada tem para a freguesia e concelho.
Só podem ser mourisqueiros os jovens solteiros. Depois de casarem, alguns pura e simplesmente saem e outros passam-se para o outro lado, para o leque dos bugios.
Este ano vão participar quase 50 mourisqueiros e mais de 700 bugios. Acrescentem-se depois os milhares de locais e forasteiros que, no local, apreciam esta tradição única e que se traduz na maior festa de máscaras da Europa.
Por tradição os mourisqueiros e bugios são de Sobrado, mas há gente de fora que participa na festa.
António César salienta que “as portas estão abertas, mas as pessoas têm de cumprir as regras que estão instituídas. Quando as pessoas ultrapassam as regras definidas ficamos um pouco desiludidos. O aluguer da farda é fácil e permite facilmente abusos. Na maior parte dos casos as pessoas aceitam as regras e vêm com sentido do bom bugio”.
No caso dos mourisqueiros, só podem participar aqueles que participam nos ensaios e este ano há dois pares de pessoas de fora de Sobrado. Ricardo Alves também é de opinião que, quem cumprir as regras pode participar.
Os ensaios têm corrido bem e esta segunda-feira tudo vai correr tudo com a normalidade habitual, embora o Velho tenha estado limitado fisicamente para os ensaios.
António César e Ricardo Alves tiveram a responsabilidade também um papel importante na escola dos elementos da Comissão de Festas e o trabalho tem sido bem feito, o que dizem, o Velho e o Reimoeiro, se irá traduzir também no aumento de pessoas que afluem a Sobrado estes dias.
No que se refere à Festa de S. João, para além da Bugiada e Mouriscada, destaque para as atuações de Rouxinol Faduncho e Arrebimba o Malho, dia 21, sexta feira, Piruka e Jimmy P, dia 22 e Matias Damásio, dia 23.